Palavras do ex-presidente acendem as esperanças dos bolsonaristas para sua volta ao Palácio do Planalto

“Vamos vencer e voltar àquele período que experimentamos há pouco, de paz e prosperidade. […] Mas para chegar em 2026, temos de passar por 2024”, disse Bolsonaro, em passagem por Belém, no Pa

Durante sua passagem por Belém (PA), Bolsonaro disse: “Vamos vencer e voltar àquele período que experimentamos há pouco, de paz e prosperidade. […] Mas para chegar em 2026, temos de passar por 2024”. Será que o seu pronunciamento deve ser observado ao pé da letra, com a mensagem de que há uma cronologia natural a ser cumprida, primeiro, vencer as eleições municipais e se fortalecer, para depois, aí sim, pensar no pleito de 2026? Ou, como desejam os mais entusiasmados, considerar a partir das entrelinhas a possibilidade de que o ex-presidente já está acenando com a sua volta ao Palácio do Planalto?

Mensagem enigmática

É impressionante como uma mensagem tão simples e aparentemente sem outras intenções possa provocar interpretações diversas. Para alguns, o discurso de Bolsonaro foi enigmático. De propósito. Segundo boa parte de seus seguidores, as palavras do ex-presidente deixaram nas frestas a esperança de que ele possa voltar a disputar as próximas eleições presidenciais.
Os mais céticos, entretanto, com os pés no chão, ainda que pudessem desejar sua volta, sabem que o líder conservador está inelegível até 2030. Foram duas condenações aplicadas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Por abuso de poder político na reunião com os embaixadores no Palácio do Planalto em julho de 2022. A outra por abuso de poder nas comemorações de 7 de setembro, também em 2022. Ou seja, para todos os lados que tente escapar, sempre terá a mão pesada da Corte para impedir suas pretensões. Como, então, alimentar essa expectativa de uma volta ao poder?

As sementes bolsonaristas

Algumas indicações permitem esse otimismo dos bolsonaristas. Ao participar da Agrishow, na segunda-feira, 29 de abril, Bolsonaro mais uma vez proferiu palavras aparentemente cifradas: “Se eu não voltar um dia, fiquem tranquilos. Plantamos sementes ao longo desses quatro anos”. Como bom político, não poderia deixar de citar essas “sementes”, já que “elas” estavam ali ao seu lado, Tarcísio Gomes de Freitas, de São Paulo, e Ronaldo Caiado, de Goiás. A questão toda está na conjunção condicional “se”. Como para bom entendedor pingo é letra, este “se” foi uma frase completa, com começo, meio e fim. Há no Congresso projetos que poderiam beneficiar o ex-presidente. Com o objetivo de pacificar o país, que anda às turras devido à forte polarização, poderiam aprovar a anistia aos manifestantes de 8 de janeiro, que inclui Bolsonaro entre os beneficiários.

O Senado

Como conseguir os votos dos senadores se dos 81, de acordo com cálculos otimistas, somente 30 são favoráveis ao ex-presidente? A conta não fecha. Agora. As previsões são de que os conservadores passarão desses 30 para 45 em 2027. Sim, e daí? Daqui a três anos o presidente do país já estará eleito, mas a bancada robusta será responsável por reeleger o novo presidente do Congresso. Nada impede que Alcolumbre, provável sucessor de Rodrigo Pacheco, de olho em continuar ocupando a cadeira pelos dois anos seguintes, abrace a causa bolsonarista. Dizem que essa proposta já foi feita a ele.

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A Câmara dos Deputados

Além do Senado, os pretendentes à presidência da Câmara dos Deputados também acenam com a possibilidade de anistia parcial. Continuaria inelegível, mas livre de outras condenações. Tudo conjectura, mas as cartas estão sendo colocadas sobre a mesa. Quem vê a política apenas pelo valor de face não imagina que por debaixo das águas serenas há correntezas incontroláveis. Por exemplo, o próprio Bolsonaro disse não ter gostado de ser incluído na proposta de anistia parcial. Será? E para fechar com a cereja do bolo. Os dois ministros escolhidos por Bolsonaro para o STF (Supremo Tribunal Federal), Kassio Nunes Marques e André Mendonça, deverão ser respectivamente presidente e vice-presidente do TSE. Ninguém sabe como os dois se comportarão no caso da inelegibilidade. Se, entretanto, perguntarmos aos adeptos do ex-presidente se preferem arriscar nos votos dos atuais ou na decisão dos dois que entraram pelas mãos do ex-presidente, provavelmente, de cada dez, onze confiarão nos ministros indicados por Bolsonaro. Se para os bolsonaristas essas mudanças soam como notas musicais agradáveis, para os seus adversários tudo não passa de utopia, de um sonho irrealizável. Falam com convicção. Até o momento em que caem em si e se lembram de que Lula estava preso, sem nenhuma chance de sair e de concorrer às eleições. 

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