Cariocas enfrentam transtornos nos transportes após ataques criminosos das facções que dominam o Rio de Janeiro

Apesar de retornado ao estágio de mobilização, município ainda tem reflexos das ações de milicianos na região

Passageiros ainda enfrentam os reflexos dos ataques na Zona Oeste ao procurarem pelos transportes públicos da cidade, nesta terça-feira (24). A região viveu momentos de terror nesta segunda-feira (23), com ônibus, trem e carros incendiados, após a morte do sobrinho e braço direito do miliciano Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, em Santa Cruz. O município chegou a ficar em estágio de atenção e retornou ao de normalidade às 8h45 de hoje. Não há registros de novos ataques e o policiamento está reforçado. 

No início do dia, o corredor Transoeste operava com intervalos irregulares e o diretão Santa Cruz x Alvorada não estava funcionando. Por volta das 7h40, a Mobi-Rio informou que os serviços da Transoeste já estão com os horários normalizados, bem como as linhas eventuais Santa Cruz, Pingo D'água, Magarça e Mato Alto, os "diretões", estão circulando. Segundo o prefeito Eduardo Paes, a frota de ônibus municipais na manhã de hoje já chegou a 80%, antes com 50%. 

 

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Segundo o Rio Ônibus, a operação na Zona Oeste está em processo de normalização e "as empresas do consórcio Santa Cruz estão empenhadas em regularizar o serviço no menor prazo possível". Também afetada pelos ataques dos milicianos, a SuperVia informou que, excepcionalmente hoje, o ramal Deodoro - Santa Cruz não terá circulação dos trens expressos para a Central do Brasil e dos trens que partem exclusivamente a partir da estação Campo Grande, os especiais. Composições para a Central operam com intervalos de 15 minutos.

De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (SME), nesta terça-feira (24) unidades municipais da Zona Oeste estão fechadas. Nesta segunda-feira (23), 45 interromperam o funcionamento, afetando 17.251 estudantes. A Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) informou que, após a suspensão das aulas noturnas em 12 escolas, impactando 2,9 mil alunos, a previsão é de que as aulas sejam retomadas hoje, mas a expectativa é de baixa adesão, por conta dos transportes públicos.

Segundo a pasta, a direção das unidades têm autonomia para tomar as providências necessárias para preservar a integridade física dos alunos, professores e funcionários. "Todos os conteúdos serão repostos de acordo com o planejamento pedagógico", completou. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que todas as unidades devem funcionar hoje. "Os diretores e gerentes estarão atentos às movimentações de cada território, para tomar a decisão que se faça necessária em caso de repetição ou fatos novos que venham a alterar individualmente a rotina da unidade, conforme o protocolo de acesso mais seguro".

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Em nota, a Light, concessionária responsável pelo serviço de fornecimento de energia na capital fluminense, informou que técnicos conseguiram restabelecer os serviços nos locais afetados ainda na noite de segunda-feira e, nesta terça-feira, não há registro de clientes impactados pelos ataques dos milicianos.  

Terror na Zona Oeste

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O miliciano Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão ou Teteu, foi morto em um confronto com policiais civis, na comunidade Três Pontes. A ação do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), com apoio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco), também prendeu um criminoso, apreendeu dois fuzis, uma pistola, dezenas de carregadores, centenas de munições, rádios transmissores, coletes e celulares.

Após a morte de Faustão, o grupo paramilitar ateou fogo em 35 ônibus, sendo 20 da operação municipal, cinco BRTs e outros 10 de turismo e fretamento. Em apenas um dia, a cidade teve o maior número de ônibus queimados de sua história, segundo o Rio Ônibus. O município chegou a ter 121 km de congestionamento, às 18h, quase o dobro da média registrada nas últimas três segundas-feiras neste horário.

A ação dos criminosos afetou, principalmente, os bairros de Santa Cruz, Campo Grande, Paciência, Guaratiba, Sepetiba, Cosmos, Recreio, Inhoaíba, Barra da Tijuca, Tanque e Campinho. Nestes locais, pneus também foram incendiados e serviram como barricadas para impedir a passagem das polícias Civil e Militar. O Corpo de Bombeiros foi acionado para 36 eventos de fogo em veículo em diversos pontos da Zona Oeste. Cerca de 200 militares de 15 atuaram no combate às chamas. Não há registro de vítimas.

Ao todo, doze suspeitos de envolvimento nos ataques foram presos e, segundo o governador do Rio, serão encaminhados para presídios federais. Na noite de ontem, Cláudio Castro determinou que as Forças de Segurança do Rio continuem com o monitoramento em toda a cidade, em espeical nos bairros da Zona Oeste, e acionou um plano de contingência para diminuir os transtornos à população. 

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