Número inédito de pessoas desaparecidas revela uma grave crise no Brasil, aponta relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgado pelo programa Fantástico, da Rede Globo, neste último domingo (21). Os dados compilados abrangem o período de 2019 a 2021 e revelam uma média alarmante: 183 pessoas desaparecem automaticamente no país. Essa estatística chocante desperta atenção para a gravidade do problema, equiparando-o a uma catástrofe universal, onde um avião inteiro desaparece a cada dia.
O relatório também oferece uma definição clara dos diferentes tipos de desaparecimentos, conforme explicado pela diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno. O desaparecimento voluntário ocorre quando um adulto sai de casa por vontade própria e se distancia de sua família. Já o desaparecimento involuntário se refere a casos em que uma pessoa se afasta de seus familiares sem condições de retomar a vida normalmente, seja devido a transtornos psíquicos, acidentes ou tragédias ambientais. Por fim, o desaparecimento forçado é resultado de violência, incluindo casos de trabalho escravo e tráfico de pessoas.
Independentemente do tipo de desaparecimento, Samira Bueno ressalta a importância das questões. Segundo ela, mesmo nos casos de desaparecimentos voluntários, as famílias precisam estar familiares do paradeiro de seus entes queridos. Nesse sentido, é crucial que o Estado desempenhe um papel ativo no auxílio às famílias.
No entanto, um obstáculo significativo impede a ação ágil do poder público na investigação dos desaparecimentos: a ausência de uma central de dados no Brasil. Não existe uma maneira eficiente de cruzar informações sobre o desaparecimento de uma pessoa em um estado com sua possível presença em outro. Samira Bueno enfatiza que o banco de pessoas desaparecidas atualmente existentes no país é insuficiente, pois não contém fotos nem capturadas dos desaparecidos. Na prática, trata-se apenas de uma lista de nomes, que pouco contribui para a solução desses casos.
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O perfil dos desaparecidos revela que a maioria dos casos envolve adolescentes e jovens. De acordo com a pesquisa, 29,3% das pessoas desaparecidas no Brasil têm entre 12 e 17 anos, enquanto 14% têm entre 18 e 24 anos. Dentro dessa faixa etária, a maioria é composta por indivíduos negros e pardos. Samira destaca que estamos lidando com jovens em situação de vulnerabilidade, o que dificulta ainda mais a busca por parte das famílias, que dependem exclusivamente da ação do Estado. A diretora-executiva ressalta a importância do trabalho das autoridades de segurança pública na solução desses casos, observando que esse perfil de vítimas também está relacionado com os homicídios no país, o que torna o tema ainda mais relevante para as polícias.
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