Cliente proíbe entregador negro de entrar em condomínio de luxo e pediu 'motoboy branco'

Moradora enviou mensagem pedindo que outra pessoa fosse atendê-la: 'Não vou permitir esse macaco'. Gerente se recusou continuar atendimento após respostas e disse que iria registrar o caso na polícia; entregador lamentou: 'Dói muito'.

O dono de uma lanchonete de Goiânia disse que uma cliente não deixou um entregador entrar no condomínio de luxo em que ela mora porque o homem é negro. O caso aconteceu no domingo (25).

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Nas mensagens enviadas por um aplicativo, a mulher escreveu que deveriam mandar um motoboy branco. "Eu não vou permitir esse macaco", afirmou. A direção do comércio disse que vai registrar o caso na Polícia Civil.

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A gerente da lanchonete, Ana Carolina Gomes, mandou mensagem à cliente para saber o endereço exato em que a mulher mora, já que faltavam dados. Depois, quando a funcionária pediu à moradora que autorizasse a entrada do entregador, a mulher se recusou.

“Esse preto não vai entrar no meu condomínio. Mandar outro motoboy que seja branco”, escreveu a cliente.
 

A gerente negou-se a atendê-la. Em seguida, a moradora chamou o motociclista de macaco.

Na troca de mensagens, a gerente afirmou que racismo não seria tolerado e que o pedido não seria entregue. A cliente, então, escreveu: “Adeus. Não uso restaurante judaico”.

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[caption id="attachment_77513" align="alignnone" width="983"] Mensagens mostram cliente chamando entregador de macaco — Foto: Reprodução/TV Anhanguera[/caption]

'Dói muito', disse o entregador

 

O entregador que teve a entrada proibida pela moradora do condomínio, Elson Oliveira, de 39 anos, contou que tem 12 anos de profissão e que nunca havia passado por uma situação semelhante.

"Todos são iguais. Dói muito saber que ainda tem gente com capacidade de agir assim com as pessoas", lamentou o motociclista.
 

Aplicativo diz ter banido mulher

 

Já aplicativo ifood, usado pela cliente para fazer o pedido, informou que já identificou a mulher e que ela foi banida imediatamente da plataforma.

"A empresa presta solidariedade ao entregador e está em contato para oferecer apoio psicológico", disse a empresa em nota.

O ifood informou ainda que repudia qualquer ato de discriminação racial e que preza pelo respeito à diversidade. A empresa orientou o dono a registrar um boletim de ocorrência.

“Ao receber qualquer tipo de relato como este, o iFood apura as ocorrências e, quando comprovado o descumprimento dos termos e condições de uso, desativa o cadastro dos envolvidos”, completou o comunicado.

Denúncia

 

O dono da hamburgueria, Éder Leandro Rocha, disse que pretendia fazer, nesta terça-feira (27), o registro do caso na Polícia Civil.

O nome da cliente não foi divulgado porque os responsáveis pelo estabelecimento esperam que a investigação aponte se as mensagens foram, de fato, enviadas pela cliente ou se foram respondidas por outra pessoa.

“Foi a primeira vez que teve um caso assim. No início, achamos que pudesse ser um trote. Nós ficamos muito sem reação, sem saber como falar para nosso entregador na porta o que tinha acontecido. Mas a gente acabou tendo que contar. Ele [o entregador] ficou o resto da noite triste”, disse o dono do estabelecimento.

O proprietário contou ainda que filmou a conversa no aplicativo, para ter guardar provas sobre o caso.

“A gente só divulgou porque esses atos não podem ficar impunes”, afirmou.

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