Chico Rodrigues, senador flagrado com dinheiro na cueca, pede afastamento do cargo por 121 dias

A expectativa de senadores é que plenário do STF não julgue decisão do ministro Luís Roberto Barroso que determinou o afastamento pelo mesmo período.   O senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com R$ 33 mil na cueca em operação da Polícia Federal, pediu, nesta terça-feira (20), licença do cargo por 121 dias junto à Mesa Diretora do Senado Federal. Inicialmente, o parlamentar havia apresentado um pedido de afastamento por 90 dias, porém, algumas horas depois, ele protocolou uma retificação pedindo ampliação do prazo.   A matéria continua após a publicidade O movimento ocorre em meio a uma pressão da sociedade e de colegas sobre o parlamentar. Durante o período, o senador, que foi vice-líder do governo na casa legislativa, não receberá salário. Como o pedido de afastamento agora é superior a 120 dias, o suplente do parlamentar assumirá o mandato – o que não ocorreria se fosse mantida a primeira versão protocolada. O primeiro suplente na lista da chapa eleita é Pedro Arthur Ferreira Rodrigues, seu filho.
A expectativa de senadores é que, com o pedido, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) não julgue decisão monocrática do ministro Luís Roberto Barroso que determinou o afastamento de Rodrigues por 90 dias. A posição também é vista como parte de uma estratégia para preservar o mandato do senador após o flagrante. Ontem (19), o presidente do Conselho de Ética da casa legislativa, Jayme Campos (DEM-MT), sugeriu que o correligionário pedisse uma licença de quatro meses. “Eu sugiro para o senador pedir um afastamento por 120 dias para não dizer que está obstruindo o andamento dos trabalhos e a apuração dos fatos. Mas essa é uma decisão pessoal dele, temos que respeitar”, disse. Até o momento, no entanto, não há certeza de que o julgamento não ocorrerá. Por meio de sua assessoria, Barroso informou que analisará o caso se e quando informado oficialmente do pedido de licença do senador. Nos bastidores, há uma avaliação de que o magistrado pode pedir retirada de pauta, uma vez que o efeito da liminar teria sido alcançado, mas manter o tema sob alçada do plenário. O senador foi flagrado em operação que investiga esquema de desvio de recursos públicos para o combate à pandemia do novo coronavírus em Roraima. O parlamentar tentou esconder dinheiro na cueca quando policiais federais foram cumprir mandados de busca na sua casa, em Boa Vista. Rodrigues nega irregularidades e diz que o dinheiro seria usado para pagar funcionários. “Antes de mais nada, é fundamental trazer ao conhecimento de Vossas Excelências que os valores arrecadados são manifestamente lícitos. Não são verdadeiras as afirmações de que estes teriam sido desviados de verbas destinadas ao enfrentamento da pandemia”, diz carta assinada pelo parlamentar que acompanha o pedido de afastamento. Rodrigues se diz vítima de um “linchamento público” e pede o afastamento temporário “para reunir os elementos necessários à comprovação – de forma inequívoca – da licitude dos valores comigo apreendidos, e, acima de tudo, da minha inocência”.  
O caso levou senadores dos partidos Rede Sustentabilidade e Cidadania a protocolarem uma representação para apurar a conduta do ex-vice-líder do governo Jair Bolsonaro na casa. Os requerentes dizem que é “incompatível” com o mandato de um parlamentar recebimento de “vantagens indevidas”. As legendas alegam que a punição neste caso deve ser a perda do mandato. Até ontem, Chico Rodrigues era membro titular do Conselho de Ética em um dos assentos do DEM. Ele pediu seu desligamento do colegiado, assim como da comissão mista que acompanha as ações do governo contra a covid-19, da qual era suplente.

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