CDL/BH pede a bancos linhas de crédito sem juros para socorrer lojistas da capital

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) lançou nesta terça-feira (7) uma campanha para estimular os bancos públicos e privados a promoverem linhas de crédito sem juros para auxílio ao setor produtivo durante a pandemia do novo coronavírus. Chamada de 'Juro Zero', a iniciativa tem como lema "hora de juro zero para o comércio não quebrar, o emprego não acabar e a vida continuar".

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No lançamento da campanha, o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, criticou os lucros dos bancos e pediu à sociedade que compartilhe posts sobre o assunto em redes sociais. "Esse 'Juro Zero' não é caridade. É interesse dos bancos manter empresas sadias e pessoas empregadas. Se eles não cooperarem agora, muitos dos seus clientes, que proporcionam lucros para eles, vão quebrar", afirmou Souza e Silva.
Dentre os argumentos para a criação da campanha, a CDL informou que está na hora das instituições, públicas ou privadas, "que no Brasil lucram como em nenhum outro lugar do mundo", darem uma real contribuição ao país neste momento de crise. Só em 2019, segundo Marcelo, os cinco principais bancos do país, dois públicos, Caixa e Banco do Brasil, e três privados, Itaú, Bradesco e Santander, tiveram lucros de mais de R$ 100 bilhões. "Todos tiveram ganhos maiores em relação ao ano anterior", disse o gestor.
A CDL também quer sensibilizar outras entidades representativas do setor produtivo no país para que essas entrem na campanha. Segundo a entidade, que representa lojas que empregam cerca de 1,5 milhão de pessoas em Belo Horizonte, o 'Juro Zero' não é interesse apenas dos setores de comércio e serviços. "Não é possível que nossos bancos pensem em ganhar um centavo sequer com essa crise que está matando pessoas, empresas e empregos. Está na hora deles demonstrarem solidariedade. É até mesmo um ato de patriotismo", disse Souza e Silva.
Burocracia na liberação
Na ocasião, o presidente da CDL afirmou que as micro, pequenas e médias empresas estão tendo "enormes dificuldades" na aprovação de crédito e pediu que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS) discipline o comportamento dos bancos na liberação dos recursos para o pagamento da folha dos funcionários.
Isso porque, segundo ele, alguns bancos estariam obrigando as empresas a migrarem suas contas para oferecerem a linha de crédito de R$ 40 bilhões, anunciada pelo governo federal na semana passada. "O empresário não pode ser obrigado a isso. Isso é inconstitucional, é venda casada", afirmou.
Condições especiais
Para piorar a situação, Marcelo de Souza e Silva afirmou que alguns dos associados da CDL chegaram a alertar que algumas linhas de crédito anunciadas como "especiais" pelos bancos estão com condições de financiamento mais caras do que as linhas normais dos bancos que já eram adotadas no período antes da chegada do coronavírus.
Como exemplo, Marcelo citou o caso de uma empresa que peça um financiamento de R$ 10 mil em um prazo de cinco anos com carência de 12 meses. "Ao final do financiamento, o empresário vai pagar mais de R$ 16 mil. Se os R$ 10 mil forem atualizados de acordo com a projeção de inflação atual, que é de 3,5%, ficam próximos de R$ 12 mil. O banco está tendo R$ 4 mil de ganhos reais sobre o valor financiado, ou seja, 40%. Respeitamos a atividade bancária. Mas é desumano explorar uma situação de calamidade pública para ganhar dinheiro", finalizou.
População pode participar
A CDL informou que separou peças gráficas para que a população poste nas redes sociais, como forma de pressionar os bancos. Para baixar as imagens, clique aqui.
Outro lado
A reportagem procurou os bancos citados, além da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) para pedir um posicionamento sobre as críticas feitas pelo presidente da CDL. Também foi questionado ao BNDES se haverá alguma deliberação que proíba a suposta venda casada, citada pela CDL.
A Caixa informou que vem diariamente divulgando ações que auxiliam as empresas a enfrentarem esse momento crítico e que outras ações, que encontram-se em análise interna, serão divulgadas gradativamente. Leia a nota na íntegra:
A CAIXA, consciente de sua missão e reafirmando o fato de ser o banco de todos os brasileiros, especialmente dos menos favorecidos e ainda das empresas, especialmente das MPE, vem diariamente divulgando ações que auxiliem as empresas a enfrentarem esse momento crítico. Dentre as ações já divulgadas até o momento estão:
PESSOA JURÍDICA 
Para clientes CAIXA ​
Até 4 milhões de empregadores beneficiados com a suspensão de até R$ 25,5 bilhões em recolhimento do FGTS​ Redução das taxas de juros em linhas de crédito:​ Caixa Hospitais – taxas a partir de 0,80% a.m.​ Capital de Giro – taxas a partir de 0,57% a.m.​ Financiamento de Máquinas e Equipamentos – taxas a partir de 0,85% a.m.​ Cartão Empresarial – parcelamento da fatura do cartão de crédito com taxa fixa em 2,90% a.m.​ Desconto de Duplicata – taxas a partir de 1,20% a.m.​ Pausa de até 90 dias para Crédito Comercial, Habitacional e Caixa Hospitais​ Carência de até 90 dias para Crédito Comercial Recursos Caixa​ Carência de até 6 meses para Operação de Renegociação Comercial​ Incremento de R$ 111 bilhões de recursos para​ Capital de Giro: R$ 60 bilhões​ Compra de Carteira: R$ 40 bilhões​ Crédito Santa Casa: R$ 5 bilhões​ Crédito Agrícola: R$ 6 bilhões​
Para clientes MPE​
Linha de crédito para toda cadeia produtiva das micro e pequenas empresas​ Antecipação de recebíveis de cartões com taxas reduzidas​ Acesso ao Crédito e adesão à linha de crédito para Folha de pagamento​
Em breve estará disponível para o Cliente a partir de manifestação de interesse pelo www.caixa.gov.br/caixacomsuaempresa​ Condicionado à apresentação do faturamento fiscal do último exercício
Para novos clientes PF e PJ
Pessoas interessadas em adquirir produto Caixa e iniciar seu relacionamento, podem procurar um dos nossos Correspondentes Bancários ou Unidades Lotéricas* para adquirir:​ Abertura de Conta Corrente ou Poupança​ Crédito Consignado​ Cheque Especial​ Cartão de Crédito​ Seguro de Vida e Acidentes Pessoais​ Seguro Residencial​ Consórcio Imobiliário e de Automóvel​ Capitalização​ SuperxCAP (apensa lotérico UL)​
​Para MPE, está disponível no portal http://www.caixa.gov.br/caixacomsuaempresa  formulário onde o empresário poderá sinalizar seu interesse de início de relacionamento. Após preenchimento de suas informações, a Caixa entrará em contato por meio do telefone indicado​​                                            
*A Caixa possui atualmente 12.959 Lotéricas e 8.318 CCAs
Outras ações de auxílio às empresas encontram-se em análise interna da CAIXA e serão divulgadas gradativamente a medida que sejam concluídas considerando o senso de urgência que o momento requer.
O Bradesco informou que "está à disposição para prorrogar por 60 dias as dívidas de operações em dia e utilizadas". Segundo o banco, os clientes podem solicitar a prorrogação, preferencialmente, pelos canais digitais ou direto com o gerente de sua conta. O Bradesco ainda informou que outras informações estão disponíveis no site da Febraban.  https://portal.febraban.org.br/noticia/3421/pt-br/
A Febraban informou que os "bancos estão totalmente sensibilizados" com a necessidade de os recursos chegarem rapidamente na ponta e, por isso, afirmou que eles continuarão "agindo com foco para que o crédito seja dado nas mãos das pessoas físicas e das empresas".
Entre as ações de apoio, a federação citou R$ 200 bilhões em renegociação de dívidas e liberação de crédito para financiamento da folha de pagamento de pequenas e médias empresas com faturamento de até R$ 10 milhões de reais. Segundo a Febraban, a ação ocorreu apenas dois dias após a edição da Medida Provisória, que criou uma linha de R$ 40 bilhões, "sendo que os bancos irão suportar, com recursos próprios, R$ 6 bilhões desse total". Leia a nota na íntegra:
Os bancos estão totalmente sensibilizados com a necessidade de os recursos chegarem rapidamente na ponta e continuarão agindo com foco para que o crédito seja dado nas mãos das pessoas físicas e das empresas. 
Entendemos a ansiedade de diversos setores, mas é preciso compreender que esse é um processo gradual e complexo, que demanda diversas providências e, em muitos casos, envolvem mudanças regulatórias, a exemplo da linha de liquidez do Banco Central para a compra de Letra Financeira Garantida e a liberação de compulsórios. 
Ao contrário do que aconteceu na crise de 2008, desta vez, não estamos observando um empoçamento de liquidez, mas sim um aumento substancial nas necessidades por recursos líquidos, o que torna esta crise bem diferente da anterior. Além disso, os bancos internacionais cortaram as linhas que dispúnhamos, o que estreitou mais ainda a liquidez do sistema. Mas seguiremos trabalhando, com o Banco Central e governo, para prover liquidez e crédito para quem precisa. 
Dentre as medidas já tomadas, repactuamos diversas operações com grandes empresas, que demandaram volumes expressivos de recursos, com impactos relevantes sobre a liquidez do setor bancário.
Ainda, logo nos primeiros dias da crise, a FEBRABAN anunciou a renovação de operações de crédito para pessoas físicas, micro e pequenas empresas. Os 5 maiores bancos do país estão processando mais de dois milhões de pedidos de renegociação de dívidas, dando carência de 2 a 3 meses no vencimento de parcelas em várias linhas, como: crédito pessoal, crédito imobiliário, crédito com garantia de imóveis, crédito para aquisição de veículos e capital de giro. 
Os valores dessas negociações já chegam a R$ 200 bilhões conforme levantamentos parciais. 
Em outra frente muito importante, os bancos vão se antecipar ao repasse de recursos do governo e, já a partir desta segunda, irão disponibilizar crédito para financiar a folha de pagamento de pequenas e médias empresas com faturamento de até R$ 10 milhões de reais, após dois dias da edição da Medida Provisória que criou uma linha de R$ 40 bilhões, sendo que os bancos irão suportar, com recursos próprios, R$ 6 bilhões desse total.
Estima-se que a medida irá beneficiar até 1,4 milhão de empresas e 12,2 milhões de trabalhadores e os recursos serão concedidos à taxa fixa de 3,75% ao ano, sem qualquer spread adicional para as empresas e sem qualquer custo para os empregados.
O Itaú informou que prorrogou mais de 140 mil contratos de crédito para pessoas físicas e jurídicas e que aderiu ao fundo emergencial para o financiamento da folha de pagamentos das pequenas e médias empresas pelos próximos dois meses", como uma oportunidade para dar fôlego a milhões de empreendedores". Leia na íntegra:
O Itaú Unibanco já prorrogou mais de 140 mil contratos de crédito para pessoas físicas e jurídicas desde o anúncio da medida. São mais de 10 mil solicitações diárias, passando por todas as linhas que fazem parte da ação (capital de giro, empréstimo pessoal, crédito imobiliário e financiamento de veículos). 
Com essa opção, os clientes em dia podem prorrogar a próxima parcela de empréstimos já em aberto por 60 dias, mantendo a mesma taxa contratada inicialmente. Aqueles que estão inadimplentes ou que desejam fazer a contratação de um novo empréstimo não se aplicam ao grupo elegível, bem como clientes que tenham contratado outras linhas de crédito, como cheque especial. 
Essa é uma ação emergencial, que tem como objetivo oferecer flexibilidade no pagamento de dívidas nesse momento desafiador da economia. “A medida foi implementada há menos de um mês e, ao avaliar os benefícios dessa possibilidade de prorrogação, esperamos que mais pessoas devam aderir à oferta”, explica Flavio Iglesias, diretor de Produtos PF do Itaú Unibanco. 
Além da prorrogação de dívidas, o Itaú aderiu ao fundo emergencial para o financiamento da folha de pagamentos das pequenas e médias empresas pelos próximos dois meses, como uma oportunidade para dar fôlego a milhões de empreendedores.
Procurado, o Banco do Brasil sugeriu que fosse procurada a Febraban. O Santander ainda não retornou ao contato.

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