Governador de São Paulo prorroga quarentena até o dia 22 de abril

O governador João Doria (PSDB) prorrogou a quarentena em São Paulo para conter o avanço do novo coronavírus. A quarentena começou em São Paulo no dia 24 de março e teria validade até esta terça-feira (7), mas foi prorrogada até o dia 22 deste mês. O anúncio foi feito em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes e participaram diversos médicos, entre eles David Uip, chefe do Centro de Contingência do Coivd-19, que estava afastado por ter sido infectado pelo vírus.

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O decreto do Estado de São Paulo determinou o fechamento do comércio e de serviços não essenciais, o que inclui bares, restaurantes e cafés, que só podem funcionar com serviços de delivery. Já os considerados essenciais, como farmácias e supermercados, podem abrir as portas.
A medida vale para todos os municípios do Estado. "Vocês terão a obrigação de seguir a deliberação do governo de São Paulo. Ela é constitucional", frisou João Doria, afirmando que a medida tem que ser cumprida pelas cidades do Estado. "Nenhuma aglomeração, de nenhuma espécie, em nenhuma cidade ou área de São Paulo será permitida", afirmou. Doria afirmou que fará uso de força policial para quem infringir a medida, que será publicada no Diário Oficial nesta terça-feira.
São Paulo é o Estado com o maior número de mortes e de casos do novo coronavírus. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, o Estado tem 275 óbitos, 56% do total do País. O Estado tem 4.620 casos confirmados, 41% dos casos no País.
O balanço mais recente do Ministério da Saúde, do final da tarde deste domingo, indicava que o País tem 486 mortes e 11.130 casos.
O presidente do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, afirmou que estudos coordenados por epidemiologistas apontam que houve 56% de redução na mobilidade social do Estado. O ideal, segundo ele, é um percentual acima de 60%.
Antes do anúncio, Doria voltou a pedir que empresários não demitam funcionários neste período. "Um apelo, façam todo o possível para não demitir. Compreendo as restrições deste momento. Mais do que nunca, seus funcionários e colaboradores esperam de vocês que exerçam sua responsabilidade social e seu lado humanitário. O sofrimento é de todos, mas principalmente dos que dependem do salário para sobreviver", disse Doria.

Críticas ao governo federal

Diferentemente do presidente Jair Bolsonaro, que fala em receio de crise econômica e pede a volta dos cidadãos ao trabalho, Doria tem defendido o isolamento social para frear o avanço da covid-19.
Durante o anúncio, Doria voltou a criticar Bolsonaro. "Não pauto minhas ações por populismo. Pauto pela verdade e pela ciência. Todas as iniciativas de São Paulo são amparadas na ciência e opinião médica", disse. "Temos que nos afastar dos que pregam o ódio, que não assumem o interesse maior que é salvar as vidas. No Brasil, defendem o isolamento social o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandeta, o ministro da Justiça, Sergio Moro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, o vice-presidente, Hamilton Mourão. Será que a Organização Mundial da Saúde está errada? Será que ministros e secretários de Saúde de 56 países do mundo estão errados? Será que um único presidente da República no mundo é o certo?", disse. E continuou: "Aqueles que incentivam a vida normal, que pressionam o prefeito da capital e que me pressionam pelo whatsapp, por cartas e que violam os princípios da medicina, a eles eu pergunto: vocês estão preparados para os caixões com as vítimas do coronavírus? Vocês que defendem a abertura, aglomerações, que minimizam a crise gravíssima em que estamos, vão enterrar as vítimas? Depois de salvar vidas, vamos salvar a Economia", disse Doria.

O avanço do coronavírus em São Paulo

Um documento do Ministério da Saúde que veio à público no final de semana mostrava que São Paulo, Rio, Ceará, Amazonas e DF caminham para 'cenário imprevisível' de casos de coronavírus. O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, afirmou no final de semana que esses Estados vivem uma transição de fase em relação às contaminações, saindo de uma situação de "epidemia localizada" para uma fase de "aceleração descontrolada".
O Estado também revelou no final de semana que o governo de São Paulo projeta 220 mil casos do novo coronavírus e prepara um pedido de empréstimo de US$ 100 milhões (mais de R$ 500 milhões) ao Banco Mundial para ações de combate à doença. O dinheiro seria usado para custeio de pelo menos 500 novos leitos de UTI.

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