A Globo noticia em surdina a implosão da mentira que divulgou com estardalhaço e já admiti a competência da equipe de economia de Jair Bolsonaro

Os primeiros segundos do Jornal Nacional de 29 de outubro incorporaram o presidente da República ao elenco dos envolvidos na trama que resultou na execução de Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes. Em dois depoimentos à polícia civil do Rio, informou o apresentador, o porteiro do condomínio onde vivia Jair Bolsonaro contara que, no dia da morte da vereadora, um dos assassinos estacionou seu carro na entrada e pediu autorização para visitar a casa do então deputado federal.
 

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De acordo com o depoente, a entrada foi liberada pelo interfone por "seu Jair. Ao notar que o visitante rumara diretamente para o endereço do segundo acusado pelo assassinato, o porteiro ligou de novo para "seu Jair", que renovou a autorização. A segunda notícia lida pelos apresentadores colidiu frontalmente com a primeira: fotos e anotações colhidas pelos repórteres da Globo constataram que Bolsonaro passara aquele dia em Brasília, e estava no Congresso quando o porteiro imaginava conversar com "seu Jair".
Constatado o irremovível impedimento geográfico, um editor sensato teria poupado os espectadores da invencionice insustentável. "Falso testemunho de porteiro tenta envolver Bolsonaro no caso Marielle", teria informado o JN. O protagonista da história mal contada, evidentemente, não era Bolsonaro. Era o funcionário do condomínio que declamara duas vezes uma fantasia tão crível quanto um álibi de Lula.
Escrevi 124 reportagens principais da revista Veja. Jamais desperdicei títulos ou parágrafo iniciais com inverdades. Diretor de redação de quatro jornais e três revistas, monitorei a montagem de quase 10.000 primeiras páginas e capas. Nunca permiti que qualquer mentira virasse manchete. Escapei de naufrágios superlativos por saber que a soberba é uma parceira perversa, que desaconselha a partilha de decisões com tripulantes experientes.
Se me coubesse a palavra final, suspenderia a publicação da reportagem até decifrar o estranho comportamento do porteiro. O diretor de Jornalismo da Globo achou que merecia outra nota 100. Ou achava até esta terça-feira, quando se conheceu o teor do novo depoimento prestado pelo errático guardião do condomínio. Agora ouvido pela Polícia Federal, o informante garantiu que não aconteceu nada do que jurou ter acontecido em dois interrogatórios.
Naquele dia, nenhum visitante pediu autorização para dirigir-se à casa de Bolsonaro. Não houve conversa alguma com "seu Jair". As anotações no livro de registros certamente foram ditadas pelo cansaço mental. Tudo somado, o depoimento avisa que o Jornal Nacional assustou o Brasil amparado numa fantasia costurada para instalar o presidente na cena do crime.
Atropelada pela certeza de que iludira a plateia, a Globo consultou a cartilha do jornalismo sem compromisso com a verdade. E registrou em surdina, com a discrição de uma carmelita descalça, a implosão da mentira que noticiou com o estardalhaço de quem torce para que aconteça o que lhe convém.

Por: Augusto Nunes/R7

 

Destaques do Jornal Nacional dessa semana:

 

Prévia da inflação de novembro fica em 0,14%, menor taxa para o mês em 21 anos. 

Caged registra criação de 70,8 mil postos de trabalho em outubro; é o maior nível de contratações para o mês desde 2016.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial do país, ficou em 0,14% em novembro, acima do registrado em outubro (alta de 0,09%), segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (22).
[caption id="attachment_54999" align="alignnone" width="652"] Reprodução
Prévia da inflação de novembro fica em 0,14%, menor taxa para o período desde 1998[/caption]
Apesar da aceleração, foi o menor resultado para um mês de novembro desde 1998, quando a taxa de inflação recuou 0,11%. Em 12 meses, a alta do IPCA-15 desacelerou para 2,67%, afastando-se ainda mais do piso da meta oficial para 2019, de 4,25%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
O cenário de inflação fraca mantém aberto o espaço para o Banco Central reduzir novamente a taxa básica de juros, a Selic , em sua última reunião, em dezembro, como já sinalizou. Hoje, a taxa está em 5% ao ano, o menor valor da história.
A aceleração em novembro foi puxada pelos preços de transportes (0,30%), impactados pelo aumento da gasolina (0,80%) e do etanol (2,53%). Os preços do óleo diesel (0,58%) e do gás veicular (0,10%) também subiram, levando o resultado dos combustíveis a um aumento de 1,07%. Já as passagens aéreas tiveram alta de 4,44%.
Os preços do grupo alimentação e bebidas, por sua vez, apresentaram alta de 0,06% em novembro, após três meses consecutivos de deflação . Somente as carnes subiram 3,08% e contribuíram com 0,08 ponto percentual no índice geral do mês. Em 12 meses, a alta chega a 7,76%, mais do que o dobro da inflação.
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O grupo habitação apresentou a maior variação negativa (-0,22%) e ajudou a segurar a inflação em novembro, com impacto de -0,04 ponto percentual no índice geral, favorecido principalmente pela queda no preço médio da energia elétrica (-1,51%), impactada pela redução nas tarifas de concessionárias de São Paulo, Brasília e Goiânia.
 

Caged registra criação de 70,8 mil postos de trabalho em outubro

 

É o maior nível de contratações para o mês, desde 2016

[caption id="attachment_54998" align="alignnone" width="750"] Marcello Casal/Agência Brasil[/caption]
Beneficiada pelo comércio e pelos serviços, a criação de empregos com carteira assinada registrou, em outubro, o sétimo mês seguido de desempenho positivo. Segundo dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia, 70.852 postos formais de trabalho foram criados no último mês. O indicador mede a diferença entre contratações e demissões.
Esse foi o melhor nível de abertura de postos de trabalho para outubro desde 2016, quando as admissões superaram as dispensas em 76.599. A criação de empregos totaliza 841.589 de janeiro a outubro, 6,45% a mais que no mesmo período do ano passado. A geração de empregos atingiu o maior nível para os dez primeiros meses do ano desde 2014, quando tinham sido abertas 912.287 vagas no acumulado de dez meses.

Setores

Na divisão por ramos de atividade, cinco dos oito setores pesquisados criaram empregos formais em outubro. O campeão foi o comércio, com a abertura de 43.972 postos, seguido pelos serviços, 19.123 postos. Em terceiro lugar, vem a indústria de transformação com a criação de 8.946 postos de trabalho.
O nível de emprego aumentou na construção civil com a abertura de 7.294 postos e na indústria extrativa mineral, 483 postos. No entanto, três setores demitiram mais do que contrataram: agropecuária, com o fechamento de 7.819 postos; serviços industriais de utilidade pública, categoria que engloba energia e saneamento, 581 postos, e administração pública, 427 postos.
Tradicionalmente, a geração de emprego é mais baixa em outubro. O mês costuma ser marcado pelo reforço no comércio para as contratações de fim de ano. No entanto, a indústria, que reforçou a produção em agosto e em setembro por causa do Natal, desacelera. A agropecuária também dispensa empregados por causa do fim da safra de diversos produtos, como a cana-de-açúcar e café.
Destaques
No comércio, a criação de empregos foi puxada pelo segmento varejista, com a abertura de 36.732 postos formais. O comércio atacadista gerou a abertura de 7.240 vagas. Nos serviços, os destaques foram venda e administração de imóveis, com 14.040 postos; transportes e comunicações, 4.348 postos, e serviços médicos, odontológicos e veterinários, 3.953 postos.
Na indústria de transformação, a criação de empregos foi impulsionada pela indústria de produtos alimentícios e de bebidas, com 3.344 postos; pela indústria de calçados, 1.890 postos, e pela indústria madeireira e de móveis, com 1.166 postos de trabalho.
Regiões
Todas as regiões brasileiras criaram empregos com carteira assinada em outubro. O Sul liderou a abertura de vagas, com 27.304 postos, seguido pelo Sudeste com 21.776 postos e pelo Sudeste com 15.980 postos. O Norte criou 4.315 postos de trabalho e o Centro-Oeste abriu 1.477 postos formais no mês passado.
Na divisão por unidades da Federação, 23 estados geraram empregos no mês passado. As maiores variações positivas no saldo de emprego ocorreram em Minas Gerais com a abertura de 12.282 postos; São Paulo, 11.727 postos; Santa Catarina, 11.579 postos, e Rio Grande do Sul, 8.319 postos de trabalho. As unidades da Federação que registraram o fechamento de vagas formais foram Rio de Janeiro, 9.942; Distrito Federal, 1.365; Bahia, 589, e Acre, 367.

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