Ex-chefe de polícia e vereador são ouvidos por comissão da Câmara que investiga Wellington Magalhães

A Comissão Processante que investiga uma suposta quebra de decoro por parte do vereador Wellington Magalhães (DC) ouviu duas testemunhas na manhã desta segunda-feira (30). A ex-chefe de Polícia Civil de Minas Gerais Andrea Vacchiano e o vereador Gabriel Azevedo (PHS), que foram ouvidos após serem indicados pelo denunciante, vereador Mateus Simões (Novo). Magalhães não estava presente na oitiva.

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Andrea Vacchiano afirmou que, em novembro de 2015, assumiu a chefia da Polícia Civil em Minas e passou a receber diversas denúncias anônimas contra o vereador Wellington Magalhães no início de 2016. Diante disso, foi criada, junto com o Ministério Público do Estado, uma comissão para apurar as denúncias, que resultaram em inquéritos instaurados. Ela disse ainda que, ainda naquele ano, o secretário de Governo do Estado, Odair Cunha, lhe pediu que atendesse a todos os pedidos feitos pelo vereador investigado.
Segunda testemunha a ser ouvida, o vereador Gabriel Azevedo diz ter sido ameaçado por ex-assessores de Magalhães em dois episódios. A primeira teria acontecido em 2016, quando ainda não era vereador, mas participava de uma audiência pública na Câmara Municipal. De acordo com Azevedo, um dos assessores se aproximou e disse: “você sabe com quem você está mexendo? Você não tem medo? Você tem certeza de que você vai ficar aqui, fazendo isso que você está fazendo? Toma cuidado”.
O segundo episódio teria acontecido no dia 2 de abril deste ano, quando outro ex-assessor teria entrado em seu gabinete e exigido explicações sobre contribuições que o vereador estaria dando ao Ministério Público sobre Magalhães. “Eu quero saber por que é que o senhor está me citando, qual a sua contribuição com o Ministério Público? Quero entender isso, vamos resolver isso entre nós, quem sabe você quer resolver isso fora da Câmara", teria dito o homem, de acordo com Gabriel, que disse ainda se sentir constrangido ao trabalhar com um colega de parlamento que usa tornozeleira eletrônica.
Outro lado
Durante a oitiva, o advogado de Magalhães, Sérgio Santos, questionou as falas das testemunhas. Sobre o depoimento de Andrea, argumentou que ela recebia pedidos de vários outros políticos, especialmente sobre a transferência de investigadores.
Sobre o depoimento do vereador Gabriel, o advogado afirmou que os dois homens citados nunca estiveram lotados no gabinete do vereador Wellington Magalhães. Sobre a questão da tornozeleira, argumentou que decisão já proferida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) garante a políticos de casas legislativas em todo o Brasil a continuidade de seus mandatos.
Próximos passos
A Comissão Processante decidiu que irá ouvir no dia 15 de outubro o vereador Henrique Braga, o advogado Mariel Márley Marra e Rafaela Gigliotti, ex-chefe de Polícia do Departamento de Trânsito da Polícia Civil (Detran). Também foi solicitada à presidência da Câmara esclarecimentos se os homens citados pelo vereador Gabriel têm ou já tiveram, em algum momento, vínculo de trabalho com a Casa Legislativa. O vídeo da reunião desta segunda pode ser conferido aqui.
Relembre o caso
O pedido de cassação do mandato do vereador Wellington Magalhães foi apresentado pelo vereador Matheus Simões (Novo) e pelo advogado Mariel Marra e aprovado em plenário por unanimidade, no mês passado. Essa foi a segunda Comissão Processante instaurada na Casa para julgar a cassação de Wellington Magalhães - na primeira vez, o mandato dele foi salvo pelos colegas parlamentares.
Além da denúncia de desvio de R$ 30 milhões da Câmara Municipal, o Ministério Público divulgou em julho que Magalhães teria recebido propina de R$ 1,8 milhão, além de caixas de vinho e viagens para superfaturar contratos de publicidade do Legislativo. Além disso, áudios vazados pela imprensa flagram Magalhães proferindo ameaças ao vereador Mateus Simões (Novo) e ao promotor Leonardo Barbabela, responsável pelas denúncias contra Magalhães pelo Ministério Público.
A reportagem não conseguiu contato com o ex-secretário de Governo Odair Cunha. 
Fonte: CMBH

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