Inquérito apura novo caso de ‘rachadinha’ na Câmara Municipal de BH

Mais um vereador da Câmara de Belo Horizonte pode estar envolvido com a prática da “rachadinha”. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) confirmou que abriu um inquérito civil em agosto contra o parlamentar Jair di Gregório (PP) para apurar se ele cometeu o crime, que consiste em confiscar parte dos salários dos funcionários em benefício próprio ou para o partido político.

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Segundo a denúncia apurada junto a funcionários do gabinete do vereador pelo advogado Daniel Deslandes, do salário de apenas uma ex-assessora, Jair di Gregório é suspeito de ter confiscado cerca de R$ 8 mil. O vereador também é denunciado por supostamente contratar dois funcionários fantasmas para o gabinete e por suspeita de uso indevido de carros oficiais do Legislativo municipal.
A representação contra Jair di Gregório foi feita em 4 de julho por Daniel Deslandes, após o advogado receber uma carta anônima contendo mensagens de funcionários do gabinete do parlamentar sobre os supostos crimes.
A representação foi acatada em 30 de agosto pelo promotor Francisco Rogério Barbosa Campos, da 17ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público, que decidiu pela abertura de um inquérito civil para apurar o caso.
“Eu recebi uma carta anônima com diversas mensagens de WhatsApp entre membros do gabinete do vereador, que relatam a rachadinha e a existência de funcionários fantasmas. Decidi encaminhar tudo ao Ministério Público, porque os relatos são muito verossímeis”, disse o advogado. Deslandes repassou as mensagens à promotoria responsável pela investigação, mas preferiu não divulgar o conteúdo dos textos antes de uma apuração conclusiva por parte do Ministério Público.
Segundo a denúncia, uma ex-assessora de Jair di Gregório teria tido o salário reduzido de R$ 13.310 para R$ 4.621,57, o que pode indicar a prática da rachadinha. “Além disso, dois funcionários contratados pelo gabinete do vereador não estariam cumprindo expediente na Câmara Municipal, o que pode indicar a contratação de funcionários fantasmas. São evidências muito fortes que precisam ser analisadas e investigadas pelos promotores”, diz Deslandes.
Por meio de nota, o vereador Jair di Gregório negou as irregularidades em seu gabinete e disse que iria comparecer ao Ministério Público ainda ontem para prestar esclarecimentos, mas não confirmou se foi ouvido pela promotoria. O parlamentar foi intimado pelo MP a depor somente em 18 de setembro. Em sua defesa, o vereador ainda disse que as denúncias tratam de “perseguição após ameaças de morte que sofri na véspera da votação do pedido de cassação contra o ex-vereador Cláudio Duarte”.
 
OUTROS CASOS
Pelo menos dois parlamentares foram alvo de investigações sobre a prática da rachadinha na Câmara Municipal neste ano. O vereador Cláudio Duarte (PSL), acusado pela Polícia Civil de embolsar R$ 1 milhão com o esquema, foi condenado pelos colegas por unanimidade e perdeu o mandato em 1º de agosto, se tornando o primeiro parlamentar cassado na história do Legislativo municipal.
Já o vereador Flávio do Santos (Podemos) ainda terá o pedido de cassação analisado pela Câmara.

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