Aos 89 anos, e com pai vivo, Tony Tornado se diz sem paciência para a música atual

A bordo de músicas como “Podes crer, amizade”, “Deus negro” e “BR-3”, com a qual ele venceu o V Festival Internacional da Canção, em 1970, Tony Tornado se apresenta quarta-feira no Teatro Riachuelo, no Rio. Aos 89 anos de idade, mesmo depois de uma operação na cabeça do fêmur, o cantor — uma das referências da cultura negra e black no Brasil — ainda encara a vida com entusiasmo, humor e veemência quando necessário, com a vitalidade e o humor de quem se sabe privilegiado pelo DNA: seu pai está vivo e lúcido aos 108 anos .
— Ele me chama de velho e diz: “Aos 89 anos, eu comia essas todas aí!” — diverte-se.
Em entrevista ao GLOBO, Tornado, que está na TV Globo há 41 anos, disse considerar-se "um cantor que atua", e falou do seu desencanto com a música brasileira atual e da visibilidade dos negros na TV e no cinema de hoje.
— Perdi um pouco a paciência, infelizmente. Acho que hoje é tudo muito slow. Até quando vai passar as músicas do show, o músico diz: “Pô, Tornado, difícil pra caramba, aqui tem uma semicolcheia!”. Não quero falar de Nego do Borel, de Jojo Todynho, mas é fato que o Brasil tem todo um leque de situações boas musicalmente, e que, por preguiça, as pessoas preferem ir no “senta, senta, senta, senta”. Pôxa, cara, o Vinicius e o Tom morreram à toa? Os caras não dormiam, não comiam, porque tinham que fazer uma coisa boa. Hoje em dia é só “ah, isso aqui vai rimar”.
De quebra, relembrou as incríveis histórias de quando viveu ilegalmente em Nova York, vindo a conhecer, inclusive, um jovem Tim Maia: "Cafetão era uma profissão boa, não era uma profissão qualquer, eu tinha minha Cadillac branca por dentro e por fora, roupas bonitas..."

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