Irmãs suspeitas de aplicar golpes contra idosos são presas pela Polícia Civil. A investigação mostra que as mulheres teriam arrecadado R$ 200 mil, entre janeiro de 2018 e março deste ano, mas que agiam desde 2011 em Belo Horizonte, região metropolitana e cidades do interior de Minas.
 

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Conforme a PC, elas eram moradoras do aglomerado Ventosa, Oeste da capital, e foram presas em 12 de março, após entrarem na casa de 20 idosos em bairros de Ribeirão das Neves, na Grande BH. As investigações começaram em fevereiro deste ano.
Para conseguir a confiança das vítimas, elas se passavam por religiosas que faziam visitas de acompanhamento de saúde. Em seguida, uma das irmãs pedia um copo d’água ou para ir ao banheiro, enquanto a outra prosseguia conversando com a vítima.
“Neste momento, essa mulher procurava por cartões bancários, dinheiro e objetos de valor que poderiam ser facilmente furtados”, explicou o delegado Thiago de Lima Machado.
Delegado Tiago de Lima Machado
Delegado Tiago de Lima Machado durante apresentação das suspeitas
Com o golpe consumado, elas tentavam estabelecer relações de amizade com os idosos e pegavam um número de celular. “Posteriormente, ligavam para as vítimas se passando por funcionárias de banco e, já com todas as informações pessoais e bancárias, solicitavam senhas e códigos de desbloqueio para realizar saques e empréstimos”, acrescentou o delegado.
Em um dos casos, um idoso que mora na região da Pampulha, em BH, perdeu R$ 60 mil com a ação das irmãs no ano passado. Uma outra vítima é um morador de Conselheiro Lafaiete, de 100 anos. As vítimas, conforme a investigação, são idosos, humildes e moradoras de bairros periféricos.
Para conseguir aplicar os golpes, as irmãs contavam com a ajuda do namorado de uma das mulheres, de 46 anos. O homem também foi preso e atuava como motorista levando as mulheres às casas das vítimas.
 A polícia também investiga a participação do filho de uma das suspeitas, de 29 anos, nos crimes. Ele estava foragido desde 2014, mas acabou preso em Contagem durante as investigações por tráfico de drogas.
A mulher tem ainda outros dois filhos que estão presos por tráfico de drogas e envolvimento em um homicídio. “Outra coisa que a gente investiga é se o dinheiro furtado por elas financiava a atividade criminosa dos três”, comentou o delegado. 
As investigações da Polícia Civil vão prosseguir nos próximos meses. A corporação tem indícios de que as irmãs fizeram cerca de 40 vítimas. A equipe de investigação apura, agora, o envolvimento delas em outros 30 casos que foram denunciados à polícia desde 2011. Para comprovar se houve envolvimento ou não, os investigadores vão cruzar informações como características das golpistas e modo de atuação. 
As vítimas confirmadas da ação das irmãs são de Contagem, Belo Horizonte, Abaeté, Barbacena, Boa Esperança, Bom Despacho, Carmo da Mata, Carmópolis de Minas, Cláudio, Conselheiro Lafaiete, Divinópolis, Formiga, Lavras, Oliveira, Pará de Minas, Ponte Nova, Santa Luzia, São João Del Rey, São Tiago, Sete Lagoas Três Corações e Três Pontas.
Segundo a Polícia Civil, as mulheres devem ser indiciadas por furto qualificado e associação criminosa. Já o homem que atuava como motorista será indiciado apenas por associação criminosa. 
‘Não cometi nada grave’
As duas irmãs foram apresentadas pela Polícia Civil na tentativa de encontrar outras vítimas. Questionada sobre as investigações, uma delas não se defendeu. “Não tenho nada a declarar, não sou obrigada a falar”, disse. Já a outra irmã, disse que “não cometeu nada grave” e que agora estava pagando pelo crime cometido por ela. 
Ela foi questionada sobre as viagens no interior de Minas para aplicar os golpes. “O  Wilderley é meu cunhado. A gente saía para passear com ele, para pescar e ficava um dia fora”, contou. Ela descartou o envolvimento dos filhos e se disse arrependida. “Não cometi nada grave. Às vezes no supermercado eu pegava alguma coisa, porque qualquer mãe que vê seu filho passando necessidade quer resolver o problema, mas golpe eu nunca apliquei”, justificou.  
De acordo com o delegado Thiago de Lima Machado, as irmãs já foram presas anteriormente por furto e estelionato.