Jornal britânico diz que Fifa recebeu R$ 3,5 bi do Catar por Copa do Mundo

Parece que não há fim para as controvérsias envolvendo a sediação do Catar para a Copa do Mundo de 2022. Depois das alegações de suborno e as preocupações com relação aos direitos humanos dos trabalhadores nos canteiros, agora a imprensa britânica sugere que o país não vai conseguir receber o evento sozinho e terá que dividi-lo com Omã e Kuwait. Tudo isso no meio de um boicote diplomático e comercial da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos.
 

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Em março, o jornal The Sunday Times ainda publicou uma reportagem explosiva afirmando que a Fifa recebeu R$ 3,5 bilhões (cotação de maio) em propinas para dar ao Catar o direito de receber o evento. Nem o governo do país nem a Fifa responderam às acusações, mesmo semanas depois.
 
Não é a primeira vez que alegações de negócios obscuros entre o Catar e a entidade máxima do futebol aparecem, mas com menos de três anos para o início do evento, a última exposição veio como uma avalanche entre os comitês organizadores e a Fifa.
 
O Sunday Times afirmou que o Catar ofereceu R$ 1,9 bilhão à Fifa, então comandada pelo suíço Joseph Blatter, apenas três semanas antes do anúncio dos direitos de sediar o torneio de 2022, há nove anos. Segundo a reportagem, o governo catari e a emissora Al Jazeera ainda anunciaram um contrato de transmissão dos jogos no valor de R$ 1,6 bi à época.
 
Por último, a Fifa recebeu a promessa de receber outros R$ 400 milhões em bônus, caso o campeonato saia como esperado. A reportagem ainda afirmou que os contratos são agora parte de um processo aberto pela justiça da Suíça, que analisa ainda outras denúncias envolvendo a entidade e o Catar. Entidades de direitos humanos ainda apontam mortes nos canteiros de obras (um trabalhador morreu enquanto traba
 
Crise diplomática
Hassan al-Thawadi, secretário-geral do Supremo Comitê de Entrega e Legado do Catar, disse que, apesar da ação unilateral de Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, assim como Egito, que tem fortes laços com Doha, o país não terá problemas para organizar o evento daqui três anos -- em alguns estádios, as obras já se resumem a reparos com furadeiras e pinturas.
 
Os países acusam o Catar de apoiar o terrorismo e de desestabilizar a região, acusações que Doha nega. "Nós sempre dissemos que a Copa é um torneio regional, que é um evento para as pessoas da região, e nós estamos trabalhando muito forte para garantir que as pessoas da região sejam beneficiadas com ela", disse al-Thawadi.
 
"Acho que é uma prova da resiliência do Catar e do povo catari em termos de estarem prontos para superar cada obstáculo", completou ele. O Catar venceu as propostas de Austrália, Japão, Coreia do Sul e dos Estados Unidos em 2010 para ter o direito de sediar a Copa, se tornando o primeiro país árabe a recebê-la. Uma das promessas à época era criar um legado para o Oriente Médio, mas, em junho de 2017, os vizinhos do Golfo Pérsico, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Bahrein, cortaram relações políticas, diplomáticas e econômicas com o Catar, impondo, além disso, um embargo por terra, ar e mar aos cataris na península.
 
O Catar também está sob intenso escrutínio em relação ao tratamento dado aos migrantes trabalhadores, e grupos de direitos humanos já expressaram preocupações com a segurança dos canteiros de obras dos estádios. Três fatalidades envolvendo operários já foram registradas e nove mortes de trabalhadores fora do período de trabalho foram relatadas às autoridades locais. Segundo al-Thawadi, o governo do país está fazendo "progressos significativos" para proteger os funcionários, mas "há mais trabalho a ser feito".
 
"Eu não acho que nenhuma nação pode levantar seus lauréis e dizer que tudo está bem com relação às reformas trabalhistas, e com o Catar não é diferente", disse. Em 2017, a ONU retirou todas as queixas registradas contra o Catar depois que o governo aprovou um novo projeto de lei introduzindo um salário mínimo e proteção para o trabalho estrangeiro.
 
A Copa do Mundo do Catar começará no dia 21 de novembro de 2022, com a final sendo decidida no dia 18 de dezembro.

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