Ouvidoria pede para PF apurar tiroteio entre policiais de SP e Minas em garagem de hospital

A Ouvidoria da Polícia de São Paulo pediu à Polícia Federal (PF) para investigar o confronto entre policiais paulistas e mineiros durante negociação envolvendo cerca de R$ 15 milhões na garagem de um hospital particular em Juiz de Fora (MG).
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Um policial de Minas Gerais foi morto e outros dois envolvidos, baleados, durante a troca de tiros, na última sexta-feira (19).
A Polícia Civil mineira investiga o caso como homicídio, lavagem de dinheiro, estelionato, prevaricação, sonegação fiscal e organização criminosa.
Policiais de São Paulo e dois empresários, um paulista e outro mineiro, foram presos. Agentes da Polícia Civil de Minas são investigados. A suspeita é de que os grupos tenham se desentendido após a descoberta de que a maior parte das notas era falsa.
“Considerando que a apuração trabalha com indícios de vários crimes” e “esta ocorrência envolvem policiais de dois estados da federação”, “venho (...) solicitar (...) que a Polícia Federal acompanhe as investigações no estado de São Paulo e no estado de Minas Gerais”, escreveu o ouvidor Benedito Domingos Mariano em ofício encaminhado nesta terça (23) ao superintendente da PF em SP, Disney Rossetti.
Procurada, a PF informou que o superintendente não vai se pronunciar porque ainda não está a par do assunto.
"Não é o caso de nenhum tipo de procedimento a ser adotado pelas nossas polícias porque realmente é alto absolutamente inédito, inédito. Nós nunca tivemos uma conduta de nossos agentes assemelhar a essa conduta que ocorreu lá em Minas Gerais", comentou nesta terça-feira (23) o secretário da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, Mágino Alves.

Tiroteio

O confronto, que ainda não foi totalmente esclarecido, ocorreu após encontro entre os empresários e seus seguranças, na sexta passada, num prédio anexo ao hospital.
Nove policiais civis de São Paulo foram contratados para escoltar empresários na negociação na cidade mineira. Cada agente receberia R$ 1.500 pelo serviço.
Na sexta, os empresários paulistas teriam começado a negociar dólares em troca de reais com o empresário mineiro Antonio Vilela.
Depois, quatro policiais e empresários paulistas seguiram com Vilela até o hospital para finalizar transação que envolveria a troca de dólares por R$ 15 milhões. No local estariam outros quatro policiais mineiros que fariam segurança de Vilela.
Parte da negociação foi registrada por câmera de segurança do hospital. De acordo com a investigação, os paulistas teriam descoberto que as notas de reais eram falsas. Em seguida, começou a troca de tiros.
[caption id="attachment_24762" align="alignnone" width="641"] Mala com dinheiro em Juiz de Fora — Foto: Polícia Civil/Divulgação[/caption]

Baleados durante o tiroteio

  • O policial mineiro Rodrigo Francisco, que morreu no local;
  • O mineiro Vilela, baleado no pé, foi internado e liberado do hospital em Juiz de Fora;
  • O empresário paulista Jerônimo Leal Júnior, dono da empresa de segurança de SP, que segue internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital da cidade mineira.

Presos pela polícia de MG

  • Quatro policiais paulistas, sendo dois delegados e dois investigadores por suspeita de lavagem de dinheiro;
  • Jerônimo Júnior, dono da empresa de segurança de São Paulo, por suspeita de ter matado o policial mineiro Rodrigo;
  • Antonio Vilela, empresário mineiro, suspeito de tentativa de estelionato. Em 2015, ele já tinha sido detido num hotel em São Roque, interior de São Paulo, com R$ 5 milhões em notas falsas que seriam trocados por US$ 200 mil.

Reais falsos e armas

A Polícia de Minas ainda apreendeu mais de R$ 14 milhões em notas falsas, bem como armas, cartuchos, carros e distintivos. Os dólares não foram encontrados.
O empresário paulista Flávio de Souza Guimarães, que foi a Minas escoltados por policiais civis de São Paulo, negou em depoimento que tenha levado dólares para trocar por R$ 15 milhões. Ele foi ouvido na segunda-feira (22) na Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo.
Segundo Flávio, o objetivo do encontro era negociar um empréstimo para a empresa dele. Como garantia, ofereceria imóveis em São Paulo.
O empresário acrescentou que fugiu antes da confusão e que só soube em São Paulo do tiroteio que matou o policial de Minas.
Em seu depoimento, Flávio disse ainda que contratava regulamente a empresa de segurança, e que foi a companhia quem escolheu quem iria acompanhá-lo na viagem. Ele também disse que não sabia que os seguranças eram policiais civis.
Outros cinco policiais civis paulistas que também estavam em Juiz de Fora foram ouvidos e liberados.
Os agentes de Minas não foram presos, mas vão responder por suspeita de prevaricação, que é quando o funcionário público deixa de praticar o seu dever. O caso segue em apuração na Delegacia de Homicídios de Juiz de Fora.

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