Acidentes envolvendo o transporte de cargas nas rodovias mineiras têm sido cada vez mais letais. Levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) revela que, mesmo com a queda de 13% nos registros em 2017 frente ao ano anterior, as mortes cresceram 30% no mesmo período. A matéria continua após a publicidade Na madrugada de ontem, três pessoas que viajavam em uma van perderam a vida após o veículo bater de frente com um caminhão. A ocorrência foi na BR-135, em Curvelo, região Central do Estado. Segundo a Polícia Militar Rodoviária (PMRv), responsável pelo trecho, o motorista do caminhão teria jogado o veículo na contramão para evitar colidir com a carreta que seguia à frente. Ele transportava 16 toneladas de gesso e tinha como destino Barbacena, na Zona da Mata. Inspetor da PRF, Aristides Júnior afirma que o nível de gravidade dos acidentes envolvendo caminhões está cada vez mais elevado. “Um dos principais fatores é a imprudência de motoristas que insistem em se arriscar com manobras proibidas”, afirma o policial.
“Tudo poderia ser evitado se a maioria das cargas fosse transportada por ferrovias” (Márcio Aguiar, especialista em trânsito)
Precariedade As condições precárias de muitas estradas somadas à má conservação de caminhões é uma combinação responsável por grande parte dos acidentes nas estradas de Minas. A avaliação é do professor da Fumec Márcio Aguiar, especialista em trânsito. Para ele, o cenário tende a se agravar uma vez que poucas rodovias com tráfego intenso de veículos de carga são duplicadas. “Existe uma desproporção muito grande entre as características de uma carreta carregada e um carro. Por isso, sobretudo nas colisões frontais, as mortes são tão comuns”, explica. Aguiar destaca ainda o desrespeito aos limites de carga que cada caminhão pode transportar. “Se é 45 toneladas, é comum ver muitos rodando com 60. Além de danificar as pistas, aumenta a velocidade desses veículos nas descidas mais perigosas”, alerta o especialista. Precaução O investimento em tecnologias para evitar casos do tipo é uma das apostas das empresas do setor. Quem afirma é o consultor Luciano Medrado, representante do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Minas Gerais (Setcemg). Segundo ele, as empresas, cooperativas e motoristas autônomos somam mais de 200 mil caminhões em circulação pelas rodovias mineiras. Nesse contexto, o gestor explica que a busca pela redução dos acidentes é constante. “Já dispomos de tecnologias como a telemetria, que monitora o caminhão na estrada e envia mensagens para o celular do dono da transportadora se o condutor estiver acima da velocidade de segurança”, observa Luciano Medrado.