Golpe do falso sequestro se moderniza e continua a fazer vítimas no Rio e em todo Brasil

Há duas semanas, um adolescente de 16 anos recebeu um telefonema assustador. Sua avó havia sido sequestrada e os bandidos queriam joias e outros pertences valiosos para pagar o resgate. O jovem foi vítima do golpe do falso sequestro, e permaneceu 10 horas sob forte pressão psicológica, ao mesmo tempo que sua mãe também era enganada: por meio de uma conferência telefônica, os criminosos a fizeram acreditar que seu filho é quem estava em apuros e exigiram dinheiro para "libertá-lo".  O caso mostra que a ampla divulgação dos cuidados para não cair no golpe não impede que pessoas de todas as idades continuem caindo na armadilha.

A matéria continua após a publicidade

A forma como mãe e filho foram envolvidos no golpe chamou a atenção da Divisão Antissequestro (DAS). A ordem para ambos era dizer que estavam bem e que o outro deveria fazer o que eles mandassem. "Isso ocorre por conta da tecnologia, é uma modernização do golpe original, um outro mecanismo para fazer as vítimas acreditarem que o sequestro é real", explica o delegado Cláudio Gois, chefe da DAS.

Morador da Zona Oeste do Rio, o adolescente foi aterrorizado pelos bandidos pelo telefone e recebeu ordem para não entrar em contato com a polícia ou familiares, ou a avó teria o braço arrancado. Ao chegar em casa, a mãe encontrou o quarto revirado.

"Ninguém conseguiu falar com ele o dia inteiro. Quando a mãe chegou em casa e viu tudo bagunçado, ficou desesperada. Depois ligaram para ela dizendo que estavam com ele e ela saiu para sacar dinheiro no banco", contou o pai do garoto, que não quis se identificar.

Continua após a publicidade

Com auxílio tecnológico, os policiais da DAS conseguiram localizar o rapaz e a sua mãe. Ele foi encontrado no Madureira Shopping, por volta das 22h, após ter entregue um cordão de ouro e uma quantia em dólares a criminosos em Rocha Miranda. Já a mãe foi interceptada em Inhaúma, a bordo de um táxi que pegara no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Galeão, onde fora para sacar dois mil dólares. Ela já tinha transferido cerca de R$ 1,5 mil para os bandidos, mas eles exigiram mais dinheiro.

A investigação da DAS já identificou o presídio de onde vieram as ligações e está próximo de identificar os envolvidos no crime. Para não atrapalhar, as diligências são realizadas em sigilo.

Golpes são impedidos pela polícia

Continua após a publicidade

De acordo com Cláudio Gois, os casos de falso sequestro que chegam à DAS sempre são impedidos e, muitas vezes, os agentes conseguem descobrir os criminosos. Por isso, ele reforça a importância de procurar a polícia, em qualquer delegacia, e fazer a denúncia. "Os criminosos fazem muitas ligações antes de conseguirem uma que dê certo. O importante é que qualquer pessoa que receba um destes telefonemas não tome nenhuma atitude antes de tentar contato com a pretensa vítima. Caso não consiga avisar o fato a familiares e ou amigos, tem que se dirigir imediatamente a uma delegacia policial", reforça o chefe da DAS.

Não existem números disponibilizados sobre casos de falso sequestro, já que ele é tipificado como extorsão, o que engloba outras modalidades de crimes, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). A maioria das ligações são feitas das cadeias e conta com a participação de pessoas de fora da prisão.

DAS recebeu ligação de golpistas

Continua após a publicidade

Recentemente, uma das chamadas realizadas por bandidos de forma aleatória caiu numa linha da própria Divisão Antissequestro (DAS). O agente que atendeu a ligação entrou no jogo dos golpistas, que estavam presos em um presídio. Os policiais marcaram um encontro para entregar o "resgate" e um taxista acabou preso. Três detentos de uma cadeia de Japeri foram identificados e cada um tinha uma função: um imitava a voz da "mulher sequestrada", um fazia as ameaças enquanto um terceiro emprestou o aparelho telefônico para a realização do golpe.

Siga o canal do Destak News e receba as principais notícias no seu Whatsapp!