Varejistas ampliam promoções de televisores de alta definição para a Copa do Mundo

Com a proximidade da Copa do Mundo da Rússia, que começa em 14 de junho e vai até 15 de julho, as principais redes de varejo do país e atuantes em Minas deram, em abril, o pontapé para tentar alavancar as vendas de televisores de alta definição. O foco é nos aparelhos classificados como Ultra High Definition (UHD), também conhecidos como 4k, tecnologia que será empregada nas transmissões do Mundial. A matéria continua após a publicidade Nos primeiros dois meses de 2018, segundo a consultoria de Pesquisa de Mercado GFK, o valor apurado com a comercialização de modelos de 65 polegadas e tecnologia 4k subiu 97% no país, em comparação ao mesmo período do ano passado. A tendência, avaliam os varejistas, é a de que o volume de vendas cresça ainda mais nos dois meses que antecedem o evento esportivo mundial. As promoções são variadas: vão da venda de aparelhos de 4k de 60 a 75 polegadas (de R$ 4.999 a R$ 11.990) com direito a um segundo televisor, de 32 polegadas e Full HD, saindo praticamente de graça – isso é possível na Casas Bahia e no Ponto Frio – à troca de TVs antigas por modelos zero, com direito a voucher de até R$ 1,5 mil, dependendo do produto incluído no escambo – promoção do Magazine Luiza. Também há a possibilidade de os consumidores usarem compras diversas de no mínimo R$ 500 para participar de bolões sobre o resultado da competição de futebol e de sorteios. Em ambos os casos, há a promessa de concorrer a prêmios de R$ 100 mil mensais, por um ano, a até R$ 2 milhões de uma só vez. São as campanhas “Casas Bahia: Casa da Torcida Brasileira” e “Salário de Craque Ponto Frio”, ambas desenvolvidas pela Via Varejo, controladora das duas redes. “Estamos com estoques bem abastecidos, não apenas de TVs maiores. Acreditamos em uma demanda muito grande de consumo para os aparelhos de TV e, por isso, desenvolvemos campanhas agressivas que servem para estimular ainda mais as pessoas a adquiri-las, aproveitando a Copa do Mundo”, diz o gerente regional da Via Varejo em Minas, Fernando Segatto. Sinal digital O gerente ressalta ainda que a venda de aparelhos mais sofisticados está impulsionada, desde o início do ano, pelo cancelamento do sistema tradicional de transmissão de TV aberta, substituído pelo sinal digital no fim de 2017. “De início, as pessoas correram para comprar os conversores digitais e adaptar suas antigas TVs. Com bons preços dos aparelhos mais novos, que já vêm com esse dispositivo, acessam a Internet e funcionam em 4k, muita gente está trocando os aparelhos”, afirma Segatto, lembrando que, antes mesmo do início das promoções, em 1º de abril, a Via Varejo vinha registrando expressivo aumento de vendas desses produtos, nas 120 lojas mineiras (49 delas na Grande BH). Além das Casas Bahia, do Ponto Frio e do Magazine Luiza, a rede de hipermercados Extra também aposta em crescimento na venda de TVs. Segundo a assessoria de comunicação da rede, uma das maiores do país, o Extra se preparou para o período pré-Copa, “negociando antecipadamente com os principais fornecedores para conseguir os melhores preços do mercado”. Este ano, a rede espera vender 50% mais televisores na comparação com 2014, época do último Mundial, com grande aposta em produtos de telas grandes e tecnologia 4K. Esses modelos, segundo a rede, devem responder por 35% de todo o volume de vendas de TVs previsto para 2018. Normalmente, segundo as redes de varejo, as vendas de TVs são maiores no segundo semestre, por causa da Black Friday e do Natal, mas, quando há Copa, a comercialização dispara na primeira metade do ano Especialista acredita em queda de preço após ‘febre’ da competição Apesar da empolgação tanto das redes de varejo, com a elevação das vendas de TVs de alta tecnologia em ano de Copa do Mundo, quanto dos próprios consumidores, ansiosos para assistir aos jogos em 4k, especialistas advertem: talvez seja melhor esperar o evento acabar para adquirir os aparelhos. “Depois da Copa, é possível que os preços dessas TVs caiam de maneira significativa, em razão do grande estoque, e a compra pode ser bem mais vantajosa que agora, mesmo com todas as promoções”, diz o analista financeiro Daniel Calonge, CEO da Monetus Investimentos, de Belo Horizonte. “Sem contar que as pessoas precisam verificar se aquele aparelho sofisticadíssimo é realmente necessário para elas, no momento. Porque há algumas TVs com determinadas tecnologias no mercado que o olho humano nem consegue distinguir”, acrescenta. De qualquer forma, Calonge destaca que o crescimento na venda de TVs, este ano, é considerado um movimento comum. A melhora mesmo que tímida na economia nacional, desde o segundo semestre de 2017, também ajuda a aumentar o volume. “Todos os anos pares, nos quais há Olimpíadas ou Copa do Mundo, é registrada elevação na comercialização de aparelhos”, diz o analista. A jornalista Denise Fernandes, de 35 anos, foi uma das muitas consumidoras e consumidores mineiros a adquirir uma TV de 4k em razão da Copa do Mundo. Denise conta que vinha pensando, há algum tempo, em comprar um aparelho mais sofisticado, já que o antigo foi doado aos sobrinhos “para jogar videogame”. “Quando lembrei que este ano teríamos a Copa e que ela seria transmitida em 4k, não tive mais dúvidas: pesquisei e adquiri a minha, de 43 polegadas, pela Internet”. Decoração Não são apenas as grandes redes varejistas que estão buscando lucros com a Copa. O setor de decoração e móveis também quer atrair o interesse do consumidor com base no evento esportivo. No início da semana passada, o shopping Minascasa, na Região Nordeste de Belo Horizonte, lançou promoções especiais para aquisição de sofás, painéis para TV, pufes e outros móveis para tornar mais aconchegantes as salas dos clientes durante as transmissões de futebol. “Como sabemos que as TVs novas serão compradas, pensamos em casar isso com a oportunidade aos clientes de transformar os ambientes em que elas serão instaladas”, afirma a gerente administrativa do Minascasa, Mauricéa Figueiredo. Os descontos, diz ela, vão de 10% a 50% e a promoção segue até 13 de maio.   ALÉM DISSO As principais redes varejistas do país não param de registrar crescimento das vendas on-line, mas garantem que as lojas físicas estão longe de perder importância em suas estruturas de negócios. Em 2017, por exemplo, a Via Varejo, com cerca de mil lojas no país (129 delas em Minas), proprietária das redes Casas Bahia e Ponto Frio, registrou elevação de 21,6% no volume de comercialização de produtos por via on-line, que passaram a representar 24% do faturamento da empresa. No caso da Magazine Luiza, que conta com 740 lojas físicas no país, nove centros de distribuição e três escritórios, a participação do e-commerce no faturamento global da empresa, no ano passado, cresceu 60%, atingindo 32% do total apurado em vendas. Mesmo assim, asseguram especialistas, os endereços físicos nos quais os clientes podem ver de perto as mercadorias e negociar pessoalmente condições de parcelamento e pagamento ainda são e devem continuar sendo fundamentais, por muito tempo. “Existe uma quantidade muito grande de consumidores no Brasil que desconfia de negociações feitas na Internet e prefere a compra em lojas físicas”, diz o analista financeiro Daniel Calonge. “Isso vale, sobretudo, para a periferia das grandes cidades e para o interior”, completa.

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