Investigadas, empresas têm pesos distintos nos negócios de Santos

O grupo Libra, alvo da operação Skala da Polícia Federal, não chega a ser um gigante do setor portuário brasileiro. A Rodrimar, também investigada, tem baixa relevância para os grandes competidores deste mercado.
A matéria continua após a publicidade Em todo o ano passado, a Libra foi responsável por 10,2% da movimentação de contêineres no porto de Santos, que alcançou 2,5 milhões de unidades. Em 2016, abalada por fatores como o crescimento da concorrência de terminais e um alto endividamento, essa participação desceu a 4,3%. No caso da Rodrimar, o percentual não supera 0,02%. Com tradição de mais de 60 anos, o Grupo Libra já viveu tempos áureos. Em 1995, assinou a primeira concessão privada para a operação de terminais de contêineres em Santos. Os indícios que deram suporte à ação da PF desta quinta remontam planilhas de 1998 que sinalizam o presidente Michel Temer e seus aliados como recebedores de recursos de Libra e Rodrimar. Os empreendimentos dos Torrealba, família que controla do Grupo Libra -que teve quatro mandados de prisão- estão distribuídos em três frentes principais: logística, aeroportos e terminais. O terminal no porto de Santos, espaço de influência do MDB e de Temer, é a principal propriedade da família no setor, mas a empresa também tem áreas alfandegadas no Rio de Janeiro. Há uma face mais charmosa dos negócios dos Torrealba no Chile, com a produção de azeite em regiões de clima mediterrâneo. A Libra e a Rodrimar foram citadas, no ano passado, na delação do operador Lúcio Funaro, que descreveu um pedido de Temer ao ex-deputado Eduardo Cunha para que fossem defendidos os interesses de empresas portuárias na tramitação da Medida Provisória dos Portos, em 2013. Em 2015, a Libra se comprometeu a fazer investimentos superiores a R$ 700 milhões na expansão do terminal em troca de renovar por mais 20 anos seu contrato no cais de Santos, mas não realizou as obras. O decreto dos portos, que foi editado no ano passado e hoje é alvo de inquérito que investiga o presidente Temer, abriu outra brecha que poderia novamente postergar o contrato da Libra por mais algumas décadas sem licitação. Já o Rodrimar, grupo pouco expressivo, ficou mais conhecido no país no ano passado, quando o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures foi gravado em conversas suspeitas sobre o decreto. A empresa tinha um contrato firmado em 1999, que expirou em 2014. Desde então, passou a buscar autorizações em liminares para continuar operando no porto de Santos. A insegurança jurídica pode ter comprometido a imagem do grupo, piorando o desempenho nos últimos anos, segundo profissionais do setor.

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