Para diretora da Elle Brasil, 'diversidade de tamanhos é o grande tabu da moda'

As publicações de moda passaram décadas “vendendo” um modelo ideal de beleza, inalcançável para a maioria das mulheres e causa de sofrimento para muitas delas. De uns tempos pra cá, capitaneadas pela Elle Brasil, revistas e imprensa especializada buscam abordar temas que transcendem a moda, mostrando ao leitor que o assunto vai além da apresentação de tendências, faz parte e está entremeado ao cotidiano. Uma das questões levantadas com frequência, pelo menos nos últimos dois anos, é a diversidade, no sentido amplo da palavra. Seja ela de pele, idade, gênero ou corpo. Para a diretora de redação da revista Elle no Brasil, a mineira Susana Barbosa, que nesta semana participou de um bate-papo no Shopping Pátio Savassi, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, as publicações já avançaram muito nessa discussão. No entanto, o passo mais difícil está em ampliar os tamanhos. Junto à ideia inovadora da capa espelhada, um conjunto de ações de marketing digital e de conteúdo ajudou a alavancar as vendas e assinaturas da revista naquele maio de 2015; uma prova de que o posicionamento da Elle chamou a atenção “Quando a gente fala de diversidade, na questão racial, do cabelo, do gênero, está andando com mais velocidade, mas nos tamanhos é onde mora o grande problema da moda. Falo que esse é o maior tabu do setor. Já demos alguns passos, mas estamos longe do ideal”, revela. De acordo com a jornalista, a mudança é demorada e não depende apenas da imprensa especializada. “Tem toda uma indústria que precisa mudar o jeito de pensar e de funcionar. Não basta eu querer colocar uma mulher na revista que não tenha o padrão de corpo como a gente acostumou o olhar, porque não tem essa roupa”, diz.
Susana Barbosa, diretora da Elle Brasil
Susana Barbosa participou do evento Pátio Content, que lançou o Outono-Inverno 2018 no Shopping Pátio Savassi
Menos Tendências Há 18 anos, Susana Barbosa, hoje com 46 de idade, faz parte da história da Elle que, em 2018, comemora 30 anos de Brasil. Nesse tempo, foi peça-chave em decisões editoriais que fizeram da revista uma referência do jornalismo de moda. Uma delas aconteceu em maio de 2015, quando a Edição Especial de Aniversário da Elle trouxe na capa, ao invés de belas modelos, um espelho, que refletia as leitoras, as belezas reais e possíveis. A partir daquele momento, a revista tomava um posicionamento sólido em relação ao conteúdo relevante e de diálogo com as consumidoras. “A moda não é mais sobre tendências. As pessoas têm mais acesso à informação, estão mais ligadas a alguns valores, principalmente a geração mais jovem. O estilo e a personalidade têm se sobreposto a essa coisa da tendência, do produto. Não é mais sobre a bolsa da marca X, mas o que você faz com a bolsa da marca X. Eu olho muito para as marcas que estão liderando a moda hoje. São diretores criativos que estão promovendo grande revoluções e que não estão deixando de vender”, observa.
Opções de capa da Elle de fevereiro de 2018 trouxeram memes
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Capas da revista têm conteúdo que dialoga com a sociedade
Capas da revista Elle têm conteúdo que dialoga com a sociedade
 

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